quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cartas, almas.

Acabei de abrir a caixa do correio. Sabia que acharia uma surpresa.
Enfiei a mão lá dentro, e puxei uma cartinha branca, com letras pretas, muito bonitas – devia ter praticado a caligrafia por toda a infância.
E li na frente meu nome, com o endereço logo a baixo. Ouvi aleluias por trás dos meus ombros. Afinal, carta pra mim nunca chega.
Subi até o escritório, e saí procurando aquele negócio prateado, que o meu pai disse que era pra cortar dedo de criança curiosa. Mas, minha mãe me deu as palavras, e o nome era alguma coisa que eu não lembro, mas na minha cabeça é um mero abridor de cartas.
Encontrei ele dentro de uma das gavetas, e abri a carta. Não é frescura, é que eu sempre quis fazer isso.

Bem, quando abri, tinha certeza que logo após de ler, choraria por alguns minutos.
E chorei.

Cartas são uma coisa que mexe com pessoas. Ver as letras, as frases, os pontos, o aroma...
Ainda mais, quando são da sua avó.
Lembro-me de receber várias por ano dela. Mas, o número começou a diminuir, e diminuir... Até que eu mesma mandei, no 70º (não sei escrever isso, contentem-se com o número) aniversário dela. E a fiz chorar, como ela me fez chorar.
Ok, não é muito certo falar da avó aqui, mas eu falo. Sou diferente.
Bem, a carta está do meu lado, e quando eu quiser chorar mais um pouco, é só me virar pra direita.
E tenho certeza absoluta, que quando a minha mãe voltar do trabalho, e me perguntar da carta, eu vou chorar. Novamente.
Nunca gostei de chorar, mas sempre fui uma criança chorona. Nunca ganhei nada chorando, mas sempre chorei; e sei que nunca vou ganhar nada se continuar chorando.
Que eu leve isso pro resto da vida.

Hasta la nunca.